O desenquadramento do Microempreendedor Individual (MEI) ocorre quando o negócio ultrapassa os limites estabelecidos pela legislação ou enfrenta irregularidades.
Esse processo pode ocorrer por diversas razões, como exceder o limite de faturamento anual, contratar mais funcionários do que o permitido, atuar em atividades não autorizadas ou apresentar inconsistências nas declarações fiscais.
Embora o desenquadramento possa ser visto como um desafio, ele também representa uma oportunidade para o empreendedor revisar e aprimorar a gestão do seu negócio.
Neste artigo, exploraremos o que fazer quando um MEI é desenquadrado, abordando as implicações dessa mudança e oferecendo orientações específicas para contadores sobre como prestar suporte efetivo durante essa transição.
Compreendendo o desenquadramento do MEI
O desenquadramento do MEI pode ocorrer por várias razões, e entender esses motivos é fundamental para saber como lidar com a situação. Veja os principais fatores que podem levar ao desenquadramento:
Faturamento anual excedente
O MEI tem um limite de faturamento anual de R$ 81 mil, conforme estabelecido pela legislação. Se um MEI ultrapassar esse valor, ele será desenquadrado e precisará migrar para uma categoria empresarial maior, como Microempresa (ME) ou Empresa de Pequeno Porte (EPP).
Ou seja, o controle rigoroso do faturamento é essencial para evitar essa situação.
Número de funcionários
A legislação permite que o MEI contrate apenas um funcionário. Portanto, caso o empreendedor precise contratar mais de um colaborador, será necessário alterar a categoria da empresa para um regime que permita um número maior de empregados.
Atividades irregulares
Nem todas as atividades econômicas são permitidas para o MEI. Se o empreendedor começar a atuar em áreas não permitidas para o MEI, isso pode levar ao desenquadramento. Ou seja, você deve verificar periodicamente a lista de atividades permitidas para garantir a conformidade.
Irregularidades nas declarações
Problemas com as declarações fiscais, como a Declaração Anual do Simples Nacional (DASN-SIMEI), podem resultar no desenquadramento. Ou seja, o cumprimento correto e pontual das obrigações fiscais é importante para manter a categoria de MEI.
Consequências do Desenquadramento
O desenquadramento do MEI traz diversas consequências e mudanças para o empreendedor. Compreender essas implicações é essencial para uma transição bem-sucedida:
Mudança de categoria
Ao ser desenquadrado, o empreendedor precisa migrar para uma nova categoria de empresa, como ME ou EPP. Cada uma dessas categorias tem requisitos e obrigações fiscais diferentes. Portanto, a mudança pode impactar a forma como calcular e pagar os impostos.
Aumento de impostos
Uma das principais consequências do desenquadramento é o aumento dos impostos. O MEI é beneficiado por um regime simplificado e com carga tributária reduzida.
No entanto, ao mudar para ME ou EPP, o empresário passará a pagar impostos diferentes, como Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), Imposto Sobre Serviços (ISS) e contribuições ao INSS, que podem ser significativamente mais altos.
Exigência de contabilidade
Empresas que deixam de se enquadrar como MEI devem, por lei, contratar um contador. Assim, é necessário ter um contador para garantir que todas as obrigações fiscais sejam cumpridas corretamente e que a empresa esteja em conformidade com a legislação.
Obrigações acessórias
Além dos impostos, as empresas de maior porte têm várias obrigações acessórias, como a entrega de declarações fiscais periódicas e a manutenção de livros contábeis. Dessa forma, o empreendedor precisa se preparar para atender a essas novas exigências.
Como fazer o desenquadramento do MEI?
A seguir, detalhamos os passos que devem ser seguidos após o desenquadramento do MEI para garantir uma transição suave:
Verificação da situação
O primeiro passo é confirmar oficialmente o desenquadramento. Você pode fazer isso através do Portal do Empreendedor ou consultando a Receita Federal. Além disso, verifique se você tem pendências tributárias ou outras irregularidades que precisa resolver.
Escolha da nova categoria
É importante escolher a nova categoria de empresa que mais se adequa ao seu perfil e às suas necessidades. As opções comuns incluem:
- Microempresa (ME): para empresas com faturamento anual de até R$ 360.000. A ME tem uma carga tributária mais alta que o MEI, mas oferece um regime de tributação simplificado através do Simples Nacional;
- Empresa de Pequeno Porte (EPP): para empresas com faturamento anual entre R$ 360.000,01 e R$ 4.800.000. A EPP também se beneficia do Simples Nacional, mas possui mais obrigações fiscais e contábeis.
Regularização e reabertura
Para mudar de categoria, é necessário:
- Registro na Junta Comercial: formalize a nova empresa registrando-a na Junta Comercial do seu estado. Isso pode envolver a elaboração de um contrato social e a definição do tipo societário da empresa;
- Ajustes no CNPJ: solicite um novo Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) para a nova categoria de empresa. Você pode realizar esse processo através do site da Receita Federal;
- Alvarás e licenças: verifique se são necessários novos alvarás ou licenças para operar na nova categoria. Alguns setores exigem licenças específicas que devem ser obtidas junto aos órgãos competentes.
Como oferecer e cobrar pelos serviços de contabilidade
Para contadores, a transição de um MEI para uma nova categoria empresarial oferece uma oportunidade valiosa de expandir seus serviços. Aqui estão algumas estratégias e considerações para oferecer e cobrar por esses serviços de forma eficaz:
Avaliação das necessidades do cliente
Além disso, antes de apresentar uma proposta, é importante realizar uma avaliação detalhada das necessidades do cliente. Isso inclui:
- Análise da situação atual: compreender a situação financeira e fiscal do MEI e identificar os principais desafios e necessidades na transição;
- Consultoria sobre a melhor categoria: auxiliar o cliente na escolha da categoria mais adequada (ME ou EPP) com base no faturamento e nas características do negócio;
- Requisitos legais e fiscais: explicar as novas obrigações fiscais e legais que o cliente enfrentará após o desenquadramento.
Estruturação dos serviços
Ofereça um pacote de serviços que cubra todas as etapas necessárias para a transição, incluindo:
- Regularização e registro: auxílio no registro da nova empresa na Junta Comercial e na obtenção do novo CNPJ;
- Planejamento tributário: orientação sobre o novo regime tributário e planejamento para otimização fiscal;
- Contabilidade e obrigações fiscais: gestão da contabilidade regular, entrega de declarações fiscais e manutenção dos livros contábeis;
- Consultoria contínua: disponibilidade para consultoria contínua para resolver dúvidas e problemas que possam surgir após a transição.
Cobrança pelos serviços
Estabeleça uma estrutura de cobrança justa e transparente. Portanto, considere os seguintes modelos de cobrança:
- Taxa fixa: Uma taxa fixa para a transição completa, cobrindo todos os serviços necessários, desde o registro até o ajuste da contabilidade;
- Honorários mensais: um valor mensal para a manutenção contínua da contabilidade e cumprimento das obrigações fiscais;
- Consultoria adicional: cobrança por serviços de consultoria adicional ou por hora para resolver questões específicas que não estão incluídas no pacote inicial.
Em suma, o desenquadramento do MEI é um evento significativo que pode representar desafios, mas também oportunidades para o crescimento e aprimoramento do negócio.
Ou seja, para contadores, essa situação oferece a chance de expandir seus serviços e ajudar empreendedores a fazer uma transição bem-sucedida.
Compreender as razões para o desenquadramento, as consequências da mudança e como oferecer e cobrar pelos serviços de contabilidade é essencial para fornecer um suporte eficaz e valoroso aos clientes.
Portanto, a adaptação às novas regras é uma chance para reavaliar e fortalecer a gestão empresarial, preparando o negócio para um futuro próspero e sustentável.
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